O Ministério da Saúde quer a ajuda da população para monitorar surtos de doenças, como dengue, zika e malária.
A ideia é ampliar o uso de aplicativos em que o usuário responde questões sobre possíveis sintomas de alguma doença em determinado local ou evento. Em troca, recebe informações sobre onde buscar ajuda, além de dicas de saúde e de alimentação.
Esse tipo de app já foi usado durante a Olimpíada, quando ganhou o nome de Guardiões da Saúde.
Na Rio-2016, 9.616 usuários registraram-se e 5.373 responderam sobre seu estado de saúde, mas nenhum foco de doença grave ou até mesmo de infecções alimentares foi detectado pelo aplicativo ou pelos meios tradicionais.
O bom engajamento de quem usou o app é o mais importante para Wanderson Oliveira, pesquisador da Fiocruz e que, na época da Olimpíada, ocupava o cargo de coordenador-geral de vigilância e resposta a emergências do Ministério da Saúde.
O objetivo agora é adequar o aplicativo para outros usos. O ministério busca uma parceria com prefeituras, que podem usá-lo para monitorar casos de dengue ou malária.
Como o código do software é livre, qualquer um pode adaptá-lo. Universidades e instituições, como Fiocruz e Universidade de Brasília, também estão sendo procuradas pelo governo.
Ainda há dúvidas sobre quem irá financiar as próximas parcerias. No caso da Olimpíada, o projeto foi bancado pela ONG americana Skoll Global Threats Fund, que investiu US$ 180 mil.
Para Onicio Neto, CEO da Epitrack, empresa de Pernambuco que desenvolveu o app, a detecção digital de doenças antecipa sistemas tradicionais de monitoramento. "Preenchemos uma lacuna de informação entre o adoecimento e a notificação no sistema de saúde", diz.
Para Oliveira, a iniciativa não substitui, mas complementa o sistema tradicional.
O aplicativo foi premiado em Dubai, em fevereiro deste ano, como o melhor serviço governamental de saúde para dispositivos móveis.
*Foto: Leo Caldas/Folhapress